sábado, dezembro 18, 2004

Breves - 2

- Tenho seguido com interesse, ainda que silenciosamente, esta polémica. Suscita-me a mesma as reflexões que passo a alinhavar:

a) Não faz qualquer sentido afirmar-se que o Cristianismo é uma dissidência do Judaísmo, porquanto o Judaísmo do Israel Bíblico, ou Catolicismo em potência do Antigo Testamento, persiste e subsiste exclusivamente no seio da Igreja Católica, sua única sucessora e legítima herdeira, por força da Nova e Eterna Aliança celebrada por Cristo, Messias Redentor, com a humanidade, personificada e desposada naquela Igreja; por seu turno, o Judaísmo moderno nenhuma relação tem com o do Israel Bíblico, na medida em que é uma religião surgida posteriormente à fundação da Igreja, de origem puramente humana, e cujo principal corpo doutrinário - o Talmude, totalmente desconhecido no tempo do Antigo Testamento -, foi coligido a partir do século II da nossa era. Uma eventual dissidência da Igreja implicaria que a Velha Aliança celebrada entre Deus e Abraão continuasse em vigor, o que manifestamente não ocorre. E não deixa de ser curioso que tese oposta, numa estranha confluência de interesses, seja sustentada pelos rabinos talmudistas, pelos hereges modernistas (como é o notório caso do Cardeal Walter Kaspar) e pelos ideólogos da nova direita pagã;

b) É de elementar bom senso concluir que a essência da Europa, tal como existe hoje, é o resultado final da conjugação de três vectores distintos: do sangue indo-europeu, da herança cultural clássica greco-romana e do baptismo cristão; pretender cindir o terceiro elemento dos outros dois iniciais é um absurdo que, a suceder, privaria o continente de um dos elementos basilares da sua identidade, e tornaria incompreensíveis os seus últimos vinte séculos de história. Também aqui surpreende a convergência táctica entre o jacobinismo laicista, o ateísmo marxista e paganismo neo-direitista;

c) Tal como é de escorreita sensatez reconhecer o acerto da seguinte asserção, que não pode deixar de funcionar como elo mínimo basilar entre os diferentes membros do campo da direita nacional, do qual este espaço genericamente se reclama:

"For it pertains to the statesman to know how large a city should be and whether it should include men of one nation or several. The size of the city should indeed be such that the region may be sufficiently productive and may possible to repeal external enemies. It should also preferably be made up of a single nation in view of the fact that the men of the same nation possess the same way of life and the same customs, which foster friendship among the citizens because of their resemblance. Accordingly, the cities that were constituted out of different nations were ruined on account of the disssenssions that arose in them due to the diversity of manners, for one part used to ally itself with [external] enemies out of hatred for the other part".

Quem é o autor da afirmação supra? Algum "extremista" próximo do B.N.P.? Não! Simplesmente, São Tomás de Aquino, no seu "Comentário à Política de Aristóteles"… - tradução para inglês de Ernest L. Fortin e Peter D. O'Neill, a única que conheço numa língua corrente, publicada em "Medieval Political Philosophy", editada por Ralph Lerner and Muhsin Mahdi, 1972, Cornell University Press, Ithaca, New York.

E se é verdade que deve ser rechaçada com veemência qualquer discriminação humilhante ou injusta estribada em motivos de ordem puramente racial, não é menos certo que a não concordância com raciocínio do aquinense, ainda que decorrente de construções mentais recheadas de boas intenções e de nobreza de motivos, remete inapelavelmente para os caminhos da quimera e da utopia, da busca de um mundo ideal por contraposição ao mundo possível, trilhos esses que são apanágio, já não da direita, mas da esquerda pura e dura.

- Com a subtileza característica de um elefante numa loja de porcelana, o Coronel Muammar Kadhafi afirmou publicamente que a Turquia será o cavalo de Tróia islâmico na União Europeia. Por uma vez, não posso estar mais de acordo com o desbocado dirigente líbio: a eventual integração otomana na União conduzirá inelutavelmente à libanização e islamização forçada de largas parcelas do território europeu, em consequência da completa liberdade de circulação de que nele passarão a gozar sessenta milhões de turcos, acentuando muito mais a já gravíssima situação de países como a França, a Bélgica, a Holanda e a Alemanha, e, outrossim, contribuindo para a dissolução da matriz cristã da Europa, inconfessado desejado dos lóbis promotores da adesão turca.

Nunca é demais reafirmar aos cabeças duras irresponsáveis e insensatos que querem provocar um desastre civilizacional de contornos difíceis de definir: a Turquia não é geográfica, histórica e culturalmente europeia e, como tal, não reúne os requisitos mínimos basilares para ser admitida na União Europeia. Fazer o oposto é trair não só aquilo que sucessivas e sucessivas gerações de europeus defenderam ao longo dos séculos, mas também hipotecar irremediável e inadmissivelmente o futuro das gerações vindouras.

Deste modo, denunciemos e combatamos por todos os meios lícitos ao nosso alcance o facto consumado da integração turca que, a partir de Bruxelas, nos pretendem impor. Recorramos também aos meios sobrenaturais e peçamos a intercessão de Nossa Senhora do Rosário e da Vitória de Lepanto, bem como de São Pio V, que em momentos decisivos salvaram o nosso continente do perigo turco! Que o voltem a fazer, é a nossa prece!

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