quinta-feira, agosto 18, 2005

Audiência do Papa Bento XVI com o Superior da Fraternidade de São Pio X

No próximo dia 29 de Agosto, Sua Santidade o Papa Bento XVI receberá em audiência privada Dom Bernard Fellay, Superior da Fraternidade de São Pio X: pela minha modesta parte, apesar de entender que não se devem fomentar expectativas demasiadamente altas em relação a tal encontro, julgo ser uma excelente notícia o reatamento oficial do diálogo entre Roma e a Fraternidade, constituindo tal circunstância um indubitável sinal de esperança para a tradição.

Ora, a este propósito, convirá recordar parte do conteúdo da entrevista que Dom Bernard Fellay concedeu recentemente à Dici, cujo conteúdo integral pode ser lido na sua versão original aqui:

DICI: Se fosseis recebido pelo papa, que lhe pediríeis?

Mons. Fellay: Pedir-lhe-ia a liberdade da Missa, para todos e no mundo inteiro. Na nossa situação particular, tratar-se-ia, igualmente, de retractar o decreto de excomunhão relativo às sagrações. São os dois pontos prévios que não podemos dissociar de uma discussão doutrinal ulterior. Bem se sabe que nem tudo se limita à Missa, mas é preciso começar pelo concreto; é preciso começar por um princípio. Seria uma brecha muito profunda e eficaz no sistema progressista; tal conduziria, gradualmente, a uma mudança de atmosfera e de espírito na Igreja.

Um responsável por um Dicastério, em Roma, observando as nossas procissões quando do Ano Santo de 2000, exclamou: «Mas eles são Católicos, somos obrigados a fazer alguma coisa por eles». Ainda há bispos e cardeais que são Católicos, mas o mal está de tal modo expandido que Roma não ousa pegar no bisturi.

Vê-se bem que a Igreja passa pelo mesmo estado de Nosso Senhor na Cruz. Pergunto-me se a 3ª parte da Mensagem de Fátima não se refere a uma morte aparente da Igreja. É uma situação inaudita a que vivemos, mas a graça do Bom Deus é poderosa. Podemos viver cristãmente. Ainda se pode mostrar que a religião Católica existe, e que se pode viver nela. E este exemplo vivo da Tradição conta muito nas nossas relações com Roma.

Porque Ecône não é contra Roma, como dizem os jornalistas. Partilhamos com o Papa Bento XVI a mesma verificação da situação dramática da Igreja. E como não estar de acordo sobre essa verificação, quando se vê a queda de vocações: em Dublin, Irlanda, no último ano, não houve qualquer entrada de seminaristas! Entre os jesuítas, há um ou dois anos, contaram-se apenas sete profissões perpétuas em toda a congregação! Mas Roma não remonta à origem dos efeitos que toda a gente verifica, porque isso equivaleria a pôr em causa o concílio. É preciso que Roma reencontre a sua Tradição. Decerto, não somos nós que convertemos, é Deus; mas podemos levar a nossa pequena pedra à restauração, devemos fazer tudo o que pudermos. É preciso fazer compreender que a Tradição não é um estado arqueológico: é o estado normal da Igreja, ainda hoje.

Podemos também apresentar às autoridades eclesiásticas estudos teológicos sobre o concílio. Isso exige tempo. Depois, há todo um trabalho a fazer junto dos bispos, dos padres. Existem muitos fiéis que estão prontos para a retomada, muitos mais do que o que se crê. Quanto aos padres, é mais difícil. Os que têm a idade do concílio, os que largaram tudo e se lançaram nessa aventura, não regressam. Os mais jovens são muito mais abertos.


JSarto

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