terça-feira, dezembro 20, 2005

Breves - 17

1) Ao que leio no sempre recomendável "Último Reduto", anda alguma direita embevecida com a candidatura presidencial de Manuel Alegre. Parece-me atitude completamente errada, própria de uma corrente política com notória vocação suicida. É verdade que Cavaco não é, nem nunca foi um homem de direita, denotando evidente desconforto no combate ideológico e na guerra cultural, facto no qual não se distingue em nada da média habitual no PSD, dos Borges aos Frasquilhos, dos Cadilhes aos Belezas, adversa a tudo o que ultrapasse os horizontes estritos de uma postura de guarda-livros requintado. Porém, não é com Manuel Alegre que a direita irá bem servida, pelo menos, aquela que se pretende séria, que da outra - a das comezainas, fados e touradas - não curo aqui. A verdade é que nenhuma direita de valores se pode rever e sentir representada nestes factos gravíssimos, de que dão conta o BOS e o Camisa Negra. Por mim, acrescento tão-só o seguinte: jamais ponderarei votar em alguém que reagiu com fúria desvairada contra o seu próprio grupo parlamentar, nos idos de 1997, em consequência da votação que reprovou o projecto de lei que intentava liberalizar o aborto em Portugal. E isto parece-me bem mais grave do que quaisquer tergiversações que Cavaco possa ter sobre a legalização das parelhas de homossexuais, por muito deploráveis que estas sejam..

2) Lendo este artigo do FGSantos, relembrei-me de uma frase do imorredoiro Padre Leonardo Castellani, ele mesmo um notável nacionalista argentino: "Nacionalista, como podes amar a Pátria que não vês, se não amas primeiro os teus compatriotas que vês?"

3) Já não me recordo quando foi a última vez que comprei um pasquim infame chamado "Expresso", verdadeiro ABC da canalhice pulhítica, mas sucedendo pôr-lhe gratuitamente a mão em cima, como me ocorreu no passado fim-de-semana em casa de familiar que ainda não se libertou de vício tão nefasto para a higiene mental, corroboro sistematicamente a opinião que de tal publicação tenho: em caso de aflição súbita e inesperada, e à falta de algo mais suave, sempre serve para limpar uma determinada região do corpo.

Posto isto, noto que o esquerdista José António Lima elogia em tal folha abjecta D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, pela "postura moderada e racional", sem o "fanatismo dos sectores extremistas", com que esta abordou a questão da retirada dos crucifixos. Realmente, há elogios que são autênticos vitupérios para quem os recebe.

Quanto ao escrevinhador Lima, esse consabidamente é que não é nenhum fanático extremista do tolerantismo, do indiferentismo e do relativismo, em suma, do niilismo, pois claro que não…

4) Fala o Pedro Guedes, de Rui Mateus e de um projecto de ditadura disfarçada: é ideia que já vem de longe, como se pode comprovar pela leitura deste "Socialisme Maçonnique", um dos livros que tenho entre mãos neste momento, e que recomendo vivamente. Escrito sob pseudónimo - AG Michel - por um sacerdote católico em meados dos anos 30, nem por isso perdeu uma vírgula de actualidade.

5) A finalizar, para o Rafael: de nada, o prazer foi todo meu!

JSarto

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