segunda-feira, março 21, 2011

As estranhas conferências patrocinadas pelo Bispo de Coimbra

Através de correio electrónico da “Infovitae” e de alguns blogues amigos (ver aqui, aqui e aqui), tomo conhecimento de que em Coimbra, no próximo dia 9 de Abril, se irá realizar um conjunto de conferências promovido pelo Centro Universitário Manuel da Nóbrega, da outrora gloriosa Companhia de Jesus, subordinado ao tema genérico “Fé e Cultura: no centro ou nas margens?”, com o público patrocínio do Bispo local, D. Albino Cleto, circunstância que denota bem - como de imediato se vai ver - o estado de desnorte doutrinário a que a Igreja institucional portuguesa em geral e o seu episcopado em particular chegaram.

Sendo certo que da simples leitura do programa de tal ciclo de conferências resulta por si só evidente que os seus organizadores pactuam com a “hermenêutica da ruptura e o falso espírito do Vaticano II”, características tão próprias de um progressismo anticatólico que continua a ter influência nada despicienda na diocese conimbricense, duas das conferências previstas nesse ciclo fazem temer o pior dos piores: uma intitulada “Que Deus para hoje? O bispo, a feminista e o cientista”; a outra “Pensar a Igreja Plural - A freira, o homossexual e os recasados”.

Não é necessário ser-se adivinho para perceber o que irá sair delas: na primeira, ignorando-se a doutrina dogmática católica de que Deus é eterno, intemporal e imutável e portanto o mesmo ontem, hoje e sempre, entrar-se-á numa discussão inspirada pelos erros evolucionista e imanentista próprios da heresia modernista, tentando-se elaborar conceptualmente um “deus” que legitime e justifique todos os caprichos do homem contemporâneo, mesmo os mais perversos, divinizando-se assim subrepticiamente e afinal o próprio homem; em ambas as conferências, por outro lado, atacar-se-á obviamente o magistério constante da Igreja sobre a não-ordenação sacerdotal de mulheres, os fins primário e secundário da sexualidade e a indissolubilidade do matrimónio.

No meio disto tudo, é fácil imaginar qual será o discurso ambíguo de D. Albino Cleto, para delírio dos presentes, e em especial das megeras histéricas do tipo “Nós somos Igreja” que fazem sempre gala de comparecer a este género de eventos: o Bispo de Coimbra dirá mais ou menos que o amor humano se reveste de muitas formas e que o amor vivido entre recasados é digno de toda a consideração; que numa Igreja plural, os homossexuais também são chamados a viver a integralidade da mensagem evangélica cristã e que uma coisa é ser-se homossexual (o que em si mesmo não tem mal nenhum e é digno de respeito, desde que tal condição seja vivida num chamamento à castidade) e outra diferente é enveredar pela prática de actos homossexuais; e, enfim, que há que alargar e ampliar a participação das mulheres na vida da Igreja, e que não tendo talvez ainda chegado o momento certo para que estas possam aceder ao sacerdócio e presidirem às celebrações eucarísticas, talvez fosse bom ponderar desde já a sua ascensão ao diaconato. Perante estas palavras, espera-se tão-só que nenhuma das ditas megeras se entusiasme de tal maneira que, em manifestação pública das suas obsessões doentias, chegue ao ponto de perguntar despropositadamente ao Bispo de Coimbra se ele se masturba e com que frequência, à imagem do que em tempos vi suceder a um outro pobre bispo português (modernista do piorio) ainda vivo mas já afastado do exercício de funções pastorais devido ao limite de idade…

Ora, em face destes dados, não pode deixar de se estranhar a selectividade com que D. Albino Cleto defende uma Igreja plural, sendo certo que tal “pluralidade” é sempre e apenas a que favorece a heterodoxia, quando não a pura heresia, mas jamais a ortodoxia e a boa doutrina.

Por exemplo, daria o bispo conimbricense o seu patrocínio a um ciclo de conferências que tivesse por fim promover a Missa Tradicional de rito latino-gregoriano, subordinado ao tema de “Summorum Pontificum: uma esperança para a Igreja em Portugal"? Creio bem que não (ver aqui e aqui) e, para sublinhar a sua recusa, provavelmente até defenderia ser tal Missa fautor de divisões entre os fiéis católicos portugueses. Portanto, por esta “lógica”, é mister concluir que uma Missa celebrada segundo um rito litúrgico quinze vezes secular da Igreja Católica, sempre válido e jamais revogado, será fautor de divisões entre fiéis; mas já não o serão conferências onde, com resguardo ou descaro, se põe em crise o magistério constante da Igreja acerca da sexualidade ou da indissolubilidade do matrimónio.

Estranha “lógica” esta. Estranha "lógica" esta...

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